domingo, 1 de janeiro de 2017

Cobrando as promessas


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Na tarde deste domingo, 1º de janeiro de 2017, o ex-deputado Marquinhos Trad (PSD) terá tomado posse como prefeito da cidade de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, Estado que completará quarenta anos de criação em outubro próximo. No programa de governo do então candidato Trad durante a campanha eleitoral do ano passado há algo em torno de 150 promessas, que significa que o prefeito calouro terá de cumprir uma promessa a cada 10 dias, isso, claro, se ele for cumprir todas as suas promessas de campanha durante seus quatro anos de mandato.
Em ano eleitoral é sempre a mesma coisa, em qualquer uma das mais de cinco mil cidades brasileiras. Milhares de candidatos, muitos neófitos na carreira política e fazendo de tudo pra conquistar os votos dos cidadãos. Prometer faz parte das atividades eleitorais dos postulantes e o todos os eleitores estão habituados a isso. Mas é muito difícil avaliar as promessas que são plausíveis de execução e quais são apenas formas de engabelar o eleitor...
Desde os primórdios das civilizações que o povo está cansado de ouvir promessas dos postulantes a cargos públicos. Entretanto, é da maior importância que nós, cidadãos, tenhamos a noção mínima do que está sendo proposto e do que realmente é permitido a um candidato realizar, afinal só poderemos cobrar aquilo que é possível ser feito. Embora possamos cobrar também as mentiras ditas em campanha.
Isso significa que durante as campanhas eleitorais —no Brasil e em quase todo o mundo civilizado—, grande número de candidatos promete que irão realizar coisas maravilhosas, mas que, se cada um deles conhecesse realmente as suas futuras atribuições gerenciais, existiria a possibilidade de não precisar iludir os eleitores com promessas impossíveis de ser cumpridas.
Desde a a primeira década do século 21, é obrigação dos candidatos aos cargos executivos apresentar programas de governo no ato do registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral. Entre as promessas mais comuns estão as melhorias na saúde, que é precária tanto pela falta de profissionais quanto pelas condições estruturais dos hospitais; melhorias no trânsito, superfaturado pela quantidade de veículos inversamente proporcional ao número de vias; e a garantia da segurança publica de qualidade, que dispensa comentários; educação, sempre mal planejada e executada na maioria das cidades. Todas as área das atividades humanas são contempladas com promessas quase nunca cumpridas.
E quando questiona-se porque os políticos brasileiros não cumprem suas promessas de campanha, a resposta vem rápida: por mais boa vontade que os eleitos tenham, prometem coisas impossíveis de cumprir, ou seja, é inviável, prometer aquilo que não podem acontecer num curto prazo, por exemplo, a construção de dez hospitais públicos em quatro anos, duração da maioria dos mandatos eleitorais no Brasil.
Para evitar que as promessas de campanha sirvam apenas para preencher o espaço da propaganda eleitoral é necessário que os cidadãos ponham a mão na massa e mantenham registros das promessas feitas e sigam os passos dos políticos do seu Município —no caso presente, prefeito, vice-prefeito e vereadores. Um dos pontos interessantes seria exigir que o prefeito e vereadores eleitos anunciem, em até noventa ou cem dias após a posse, um programa de metas e prioridades para o mandato, além de propor que o cumprimento das promessas políticas seja obrigatório para os prefeitos, vice e vereadores.
Cada um dos cidadãos tem de ter consciência de que a política partidária não deve ser uma ponte para conseguir emprego e nem de interesses pessoais se nota em toda a nação. Os políticos são representantes do povo e, portanto, servidores públicos e não "autoridades", como costumam proclamar, e devem trabalhar em favor do povo. O cidadão não pode pactuar com a falta de bom senso e o despreparo evidente de muitos políticos. Que prevaleça o bom senso.
No Brasil, as promessas dos políticos não são feitas para serem cumpridas... Mas compridas... O cidadão tem de estar sempre atento e cobrando as promessas do prefeito e dos vereadores, que são otimamente remunerados pra realizar seus trabalhos. O diagnóstico pode ser aterrorizante, emocionante o prognóstico, mas devemos ser radicais, subversivos e perspicazes, e termos uma visão mais ampla e abrangente do futuro para mudar nossas ideias politicas e poder escapar da morte da nossa sociedade por conta da asfixia que a burocracia moderna nos impõe. De olho nos políticos sempre.



Luca Maribondo

lucamaribondo@uol.com.br
Campo Grande | MS| Brasil

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